É noite. Que noite fria. Ela dorme.
A lua cintila lá no infindo espaço.
Um cão raivoso ladra n'algum terraço.
E eu vago imerso numa tristeza enorme.
Entro num bar para ti esquecer
Chamo o garçom,peço uma dose, me sento.
Vou bebendo uma a uma, lento,
E a cada gole trago um pouco de você .
Contudo, a noite é um tédio. Nasce o dia enfim.
Taças quebradas.Não me lembro de mim
As imagens se confundem. Lobrigo.
Como louco ergo a voz e digo:
"Sou boêmio, sou das noites,
Das madrugadas também.
Sou dela, sou das outras
Mas não sou de ninguém"
Nisso, duas lágrimas, qual flecha certeira,
Cortam a manhã num golpe cruel
E vão morrer aos pés da minha amante mais fiel:
Minha sombra, minha única e eterna companheira.
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