OGIVA
 
De par em par a porta da janela:
a distensão do tecto, a morta ogiva:
o mundo que lá fora imenso grita
na raiva consentida: o coro, a letra.
 
Vento suão da fome, da submersa
rixa das coisas: a charneca seca.
O azul da esperança, o limitado Nilo
por entre a confusão, o desafio….
 
E os passos que se evolam na distância
como ruídos soltos: passadeira
até outro lado, almas sem corpo,
corpos sem alma, o grude, o esforço, areia
batida e rebatida nesta mansa
praia  de encontro a desvendar o sopro.

 

 

António Salvado

António Salvado
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