Hoje acordei e descobri que não posso mais ser quem eu fui,ou quem gostaria de ter sido. Que o meu passado, tenha sido bom ou ruim, ficou lá atrás.Que não posso carregar comigo o fardo das lembranças, se em meus ombros pesa o que sou agora. Descobri que não devo deixar que as garras do tempo que passou agarrem o presente que me conduz ao futuro.Que a minha dor, a dor da lagarta, da uva e do trigo, apenas nos transformaram em algo melhor. Descobri que o tempo que nos trouxe nos levará e que não posso usá-lo para assistir a um filme que já vi, rebobinando fitas ,se a história continua e eu sou sua protagonista,embora às vezes sem tempo para assistí-la.
Descobri que as feridas que a vida me fez, já se transformaram em cicatrizes, que as lágrimas que chorei já foram secas pelo lenço do tempo.
Descobri que a juventude foi um presente que já desembrulhei e usei, mas que não pude guardar no armário,como fiz com as minhas bonecas. Que a velhice também é uma caixa de presente cujo conteúdo se chama vida da qual muitos não puderam desatar os laços.
Hoje acordei e resolvi absolver vida que andei culpando por ter matado meus sonhos,por que descobri que sonhos podem morrer,para reviverem realidade .
Descobri as mágoas são águas más que devem virar correntezas e não lago parado.Descobri que preciso de mim aqui ao meu lado e não lá atrás ,perdida no caminho, a procura de quem fui,ou de quem poderia ter sido.
Descobri que devo seguir o exemplo do rio, que embora murmure, segue seu curso, transpõe barreiras e desce vales, mas encontra o mar...
Descobri que traumas são restos de lixo que a vida varreu para debaixo do tapete e mais do que isso, descobri que podemos enrolar o tapete e dançar no espaço que restou.
Descobri a vida é estrada de mão única e que em cada estação fica um pouco de nós ,mas que devemos seguir em frente com o que restou do que fomos: O que somos!
Linda Lacerda V.V,jan.'2012
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