Ela, morte e vida...

Ela, morte e vida...

  
 No toucador um espectro, no espelho, desilusão...
Cenas que se passam na escuridão das lembranças,
De cortinas que se cerraram sem luzes,sem ribalta...
Espetáculo sem aplausos ao fim do último ato...
Mariposa doidivana,livre e louca,vestida de desejos ...
      
 Amiga da lua, irmã das estrelas, inocência roubada...
Em mesas de bar, em cara ou coroa, em duelos de loucos.
Companheira dos solitários, acompanhada de solidão
Pedra perdida no jogo da vida, dama sem par na dança...
Bela, porém, 'presa' de feras;Caçadora de quimeras...
Pião rodopiando em salões ao bel prazer de insanos.
 
Rascunho de menina-moça que o tempo não acabou...
Diamante bruto que a mão do destino não quis lapidar.
Corpo de mulher em alma de criança, sem grinalda,
Sem altar, sem flor de laranjeira sem laços de renda ..
Despetalou a vida, bem- quer-mal -me quer...e...
Fez -se mulher sem ter sido menina,sem contos de fadas,
 
Sem infância sem risos, boneca quebrada, sem nada...
Marcada em brasa pela vida,no peito indelével cicatriz.
Vendeu paixões, barganhou prazer, deu colo sem ter ombro.
Em vez de inocência malícia, não foi princesa nem Alice!
Não teve castelos nem príncipe encantado, vaga sozinha.
Sem primeiro amor, sem devaneios,a menina que passa...
 
Um corpo sem alma, para ávidos olhos de rapina.
Menina perdida, sem rumo sem norte, sem sorte
Que se move nas sombras, nos bares ,nas esquinas...
E no diário dessa moça,que um dia quis ser Cinderela
O mundo escreveu usando a minha e a tua pena:
"Aqui jaz a bela adormecida"!

Linda Lacerda
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