Dentro da noite tranquila,
Um jato avança, lotado;
(Flutuando um céu estrelado,
Com quase 200 passageiros)...
Sua tripulação, escolada,
Seguia a rota, pré traçada,
Pelos mais competentes engenheiros!
A bordo do "pomposo" avião,
Alguns personagens são notados:
Eram um Padre, um Deputado,
Um Advogado, uma Artista...
Personagens bem conhecidos,
Que discutiam, ali, entretidos,
Os seus "dia-a-dia" de conquistas!
Numa conversa bem acalorada,
Diz o Padre, ao Deputado:
_ Eu considero ser muito errado,
O que vocês fazem com o "povão"...
Lá em Brasilia, os parlamentares,
Dilapidam, junto a seus pares,
Os patrimônios da nossa Nação!
Todo parlamentar é "bonzinho",
Quando necessita ser eleito;
(Mas vira um escroque, perfeito,
Quando abusa do "zé-povinho"...
Pois terminada a sua propaganda,
Ele desaperece, se manda,
E o "povão" acaba sempre sozinho!
_ Ora, seu Vigário, deixa disso,
Pare com os seus proselitismos;
(Pois a Igreja, e seus organismos,
Também engana a sociedade)...
Enquanto a comunidade se lamenta,
A Igreja, esperta, se sustenta,
Lucrando com as adversidades!
E enquanto assim discutiam,
(Cada qual com a sua razão),
Numa outra parte, do avião,
Duas outras pessoas conversavam...
Era a Artista e o Advogado,
Que, num diálogo bem acalorado,
Desta maneira, se expressavam:
_ Sabe, Doutror, dizia a Vedete,
Eu não tolero mais esta fama;
(Por onde vou, a plebe me chama,
E, cá pra nós, pobre, aborrece)...
Tem pessoa tão sem "semancol",
(Que mal entende de futebol,
Mas se atareve a ser "tiete"!
Veja, porém, agora, o sossego,
Sem ninguém me assediando;
(Exceto quem está, aqui, voando),
Mas é uma gente comportada...
Em outra situação, haveria,
Uma confusão, uma histeria,
De certa gente, mal comportada!
Por estas, e outras, insisto:
Ser rica (e famosa), me aborrece;
E se esta "gentalha" soubesse,
Quanto eu não as tolero...
Ficaria bem monge de mim,
(Seria até melhor assim)
Pois, no fundo, é o que quero!
_ Não é assim... diz o "causídico",
A fama nos massageia o ego;
(Eu sou muito famoso, e não nego,
Que adoro ser paparicado)...
Nas ruas, por onde sou visto,
Assemelho-me a Jesus Cristo,
De tanto que sou aclamado!
Quando termina um julgamento
(E eu venço, no tribunal)
Uma euforia sem igual,
Apodera-se do meu ser...
Na luta, sou qual um Titâ
E pouco me importa o amanhã,
Se no dia anterior, eu não vencer!
Todo o "frisson" da platéia,
(Me ouvindo, atenta e calada)
Numa fala que é invejada,
Até pelos meus oponentes...
Isso força-me a ser vencedor
E, por isso, sou superior,
Sou invejado por tanta gente!
E em todos os compartimentos,
Outras conversas eram ouvidas;
(E a viagemn era prosseguida,
Já bem próximo de seu final)...
Quanto a mim, (mero observador),
Ía anotando, em meu gravador,
Aquele falatório sem igual!
Eis que, a grande nave pousou
E todos se dispersaram;
(Uns, ainda esnobaram,
Outros, se foram, indiferentes)...
Ninguém, porém ousou notar,
A mim, (um passageiro vulgar)),
Que alí se fazia persente!
E todos trataram de seguir,
A rotina de seus "dia-a-dia";
(E sei que, ninguém sabia,
Quem era eu pois, afinal)
Eu não me fiz de importante,
Não fiz poses de arrogante,
Comportando-me em meu normal...
Mas não me sentí "inferior",
Em meio a tanta confraria;
(Pois gozo de paz e harmonia,
Tenho prazer... sou feliz)...
Tenho um emprego, uma ocupação,
Lar, filhos e, por que não,
Se é tudo que eu sempre quis?
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