E HOJE TODOS SENTIAM FRIO.

  Áh meu caro poeta...

De quê me adiantou  embalagens em mãos, 
presentes caros, perfumes raros, papeis dobrados,
N'outro braço um maço de flores?
Se trago comigo rancores...
 
De quê me adiantou meu corpo perfumado, 
Abraços apertados e  beijos ardentes?
Se  hoje ela vive em outros braços, 
e para meu fracasso,
vives contente?
 
Meu poeta, é chegado o dia dos namorados, 
estou aqui pairado feito pássaro sem minho.
Tenho um amor, mas este não me tem...
Vivo sozinho...
canto sozinho.
Não tenho ninguem.
 
Desculpe-me meu mestre, estou a chorar, 
sei que a mesma jamais há de voltar e não tenho como a esquecer.
Dia dos namorados, que azar, 
mas posso comemorar junto a você.
 
És tu parte de mim, 
que vive em mim, sofres por mim 
e pode até mesmo me entender.
E se reclamo desta solidão, 
é porque meu coração, 
pertence a mim, não a você.
 
E hoje todos sentiam frio, 
se abraçavam, se emaranhavam...
e nós aqui:
Pedaço de mim, completado em ti, 
Felizes assim.
 
Meu poeta, não estou triste,
porem este meu mundo existe.
 
 
(JOSIAS SOUZA, frio da solidão.)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Josias Souza
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