O elefante e a formiga

Nesta relação, ora me vejo um elefante
Tamanha saudade que se edifica
E consome-me; ora, ajo afoito feito formiga
Em construção de um castelo insignificante.

Dias desses, eu era um trem bala,
Quase fora dos trilhos, em alta velocidade.
Transfigura-me esta metamorfose bizarra,
Faíscam em mim incipientes lavas de felicidade.

Ontem mesmo, eu me vi uma comitiva esperança
Indo a teu encontro na rua das flores;
Constatado o desencanto, tomaram-me as dores
Do mundo e, reticente, tua imagem na minha lembrança.

Ainda ontem, eu estava transmutado em carro-pipa,
Meus olhos derramavam-se feito vertente.
E a emoção exsicada, retirante aflita,
Abandonava meu corpo, sem ti, já quase indigente.

Aderiu-se à moda de solução beligerante
Este sentimento meu, com descomunais poderes de amar.
Sofro eu, sitiado, tal a população de Bagdá,
Co´esta paixão, as agruras de um tiroteio constante.

Curitiba, 09/04/2003