Não tenhas medo
Das palavras e de meu modo introvertido.
Estou vivendo com mente e físico perdidos
E desencontro-me em teus segredos.

E por amar às escondidas,
Detrás de meus olhos, uma ansiedade
Avoluma-se e desordena-me a vida
Já quase espargida de saudade.

Abre, oh deusa, tua fonte sulfurosa!
E jorra-me esta essência que não sacia
As minhas sede, tara, alma e carne, pias
Ainda que me afogas febril, se gozas.

Tal brisa matutina, movimenta
Sobre o meu corpo ereto e sequioso.
Estilhaça tua porcelana chinesa neste gozo
E deste grosso sulco alimenta.

Revolta-te, feito rio fora do leito,
Transborda-te e me inundas,
Pois aspiro tanto morrer, em ti, afogado.

Todavia, prolongo esta ânsia, debruçado
Sobre incandescidas veredas – anca e bunda –
Sempre que, sôfrego, perpetua-me na febre do teu leito.

Curitiba, 17/02/2003