Sempre que te encontro nas festas
O tempo passa tão depressa,
Eu, em estado de graça, perco-me nos teus olhares.

Mas quando tu estás distante
Parece-me que o momento se expande
E a vida é intervalo que não finda jamais.

Sempre que te admiro nas festas
O tempo corre tão depressa
Só para te levar de mim.

Todavia, agora que não estás aqui
Eu sinto quase tudo não fluir
Exceto a tua saudade sem fim.

Contigo, meu coração faz festas de arromba,
Porém, se não te vejo em cena
Minha alma se apequena
Tamanha a solidão que me assombra.

Nossos beijos na despedida
De final de festa
Rompem os esteios e abrem frestas
Em todos os cômodos desta casa.

Tão sem assunto passa minha vida,
Há, em mim, dois estados distintos:
Os olhos teimam em dissimular o que sinto
Enquanto o coração se arrebenta nesta ressaca.

Curitiba, 09/03/2003