A "estória" que ora lhes passo,
Aconteceu num famoso hospital
(Tendo, por personagem principal,
Um cirurgião "bem afamado")...
Não vou aumentar, nem omitir
Mas, sim, tentar lhes transmitir,
Da forma que me foi contado.
O diretor, um sujeiro austero,
Mandou chamá-lo imediatamente
E explicou-lhe, gravemente,
Os motivos daquela chamada...
Dizia-lhe, quase a gritar,
Que não conseguia acreditar,
Na "estória" que lhe foi contada:
_Como é que o senhor, um cavalheiro,
(E de educação super-refinada)
Foi cometer esta "mancada",
Foi fazer esta "grã-besteira?
Eu me acho até bestificado,
Com tudo que me foi falado,
Envolvendo o senhor e a enfermeira!
Quando ela me trouxe a denúncia,
Estava pra lá de indignada;
(E em frases entrecortadas),
Disse-me o que se passou...
O senhor, um cidadão educado,
Não devia, nunca, ter falado,
Da forma como lhe falou!
_Calma, Doutor, disse o rapaz,
Eu vou tentar lhe explicar;
(Preciso, mesmo, desabafar)
Pois assumo a minha mancada...
Mas ouça-me, com toda atenção
E veja se não tive razão,
Por esta frase mal falada!
Operei, ontem, por 12 horas,
(Cada caso mais complicado)
E fui pra casa bem "baleado",
Tentando, assim, me refazer...
Ligaram-me, porém, 2 parentes,
Dizendo-me que, infelismente,
Um dos pacientes estava a morrer!
Tomei, apressado, um banho,
Voltando, lépido, para o hospital
Mas, no caminho, me dei mal
Pois meu carro foi abalrroado...
Do belo terno, que eu usava,
Pouco, ou nada, me restava,
De tanto que ficou perfurado!
Voltei, pesaroso, para casa,
Vesti, novamente, outro terno;
(Usei um de corte bem moderno,
Para afugentar o "mal-astral"...
Quando estava, porém, quase chegando,
Já vi a imprensa me aguardando
E percebi que algo estava anormal!
Consegui safar-me dos curiosos
Mas os "paparazzis" me cercaram
(E, numa só voz, perguntaram;
Como foi que tudo se passou)...
Quanto mais eu tentava explicar,
Menos eles me deixavam falar
E foi isso que me irritou!
Entrei, lívido, no ambulatório
(Com a adrenalina alterada)
E nem ví a enfermeira, postada,
Numa cadeira, a me aguardar...
Eu estava muito transtornado
E sendo, por esta, questionado,
Eu não consegui me controlar!
Perguntou-me, toda ofegante,
(Com gestos e com palavrórios)
O que fazer, com o supositório,
Que trazia numa das mãos...
Nada mais havia pra ser dito
Exceto dar-lhe um sonoro pito
E deixar escapar aquele palavrão!...
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