A criança olha o céu da janela
É noite, mas ela não sabe
Sabe apenas que o céu existe
Na medida em que cabe em seus olhos.
As estrelas são finitas
A criança tem a impressão
Que pode pegá-las na mão
É só esticar um pouco o corpo
Seus olhos já alcançaram-nas
E brilham tão forte como elas
 
Esfarelam-se na palma pequena
As estrelas, igual a terra do jardim
Em que a criança cava estradas
Rios, túneis, castelos e casas
O sol entra para o Japão e a criança
Para dentro, hora do banho, da janta
Até as  horas se esquecerem e irem
Para aonde dormem todos os sonos
Agora, seu jardim é o céu
Com milhares de flores cintilantes
Cavas de túneis, rios e casas.
A criança brilha enquanto dorme.
 

Adrienne Kátia
© Todos os direitos reservados