Eu conheço um sítio que é só meu.
Não existe, mas é só meu.
Nele, eu confesso as minhas mágoas.
Fica entre a terra e o céu,
por sobre o oceano,
este sitio, que é só meu.
Nele, eu verto as minhas lágrimas,
que umas vezes são de tristeza,
outras de alegria e algumas de dor!
E neste sitio, que é só meu
eu confesso o meu amor
num amor que não tenho.
Neste sitio que é só meu,
que fica entre a terra e o céu
eu navego sobre o oceano
e ouço o murmurar das ondas
que de mansinho
confortam minha dor,
numa confissão murmurada,
que me trás consolo e doçura
para um amor que não perdura.
Elas me confessam também
que não conhecem paixão
dos seus marinheiros ausentes,
namorando noutros mares
outras ondas, outras gentes!
E neste sitio que é só meu,
que fica entre o pólo e o equador,
dele, recebo frio ou calor,
conforme a minha paixão.
Nele, espero por amor,
mergulhado em solidão.
E neste lugar que é só meu,
perdido no seio da Atlântida
ouço o canto da sereia,
num enganar já conhecido,
de um amor por mim tido
no passado e já perdido.
E neste sitio
que não é só meu,
que existe
e é também teu,
que fica entre dois corações,
nele, encontro na nossa paixao,
o feitiço que alivia a dor
o feitiço dum grande amor,
o feitiço que mata a solidão!
© Todos os direitos reservados