Já vejo de novo o negro
reflectido nos teus olhos…
num regresso à sombra
que escureceu o teu sol
Já vejo de novo o medo
no silêncio dos teus lábios…
num regresso ao discurso
que te levou ao degredo
Já sinto de novo o desejo dum messias
em regresso ao pedido da minha ilusão…
Num voltar aos meus medos e funestos dias
que me levaram à pobreza e humilhação
Já sinto de novo o meu temor
a minha indiferença e chorado lamento…
perante a arrogância e despudor
de quem meu ganho rouba e rouba o teu sustento
Já sinto de novo que me ponho a jeito
para negros dias e anos de bruma…
E deixo que a flor da retórica me consuma
E te convença feliz por Causa nenhuma
Já sei que de novo vou ser avestruz
esconder-me no medo da minha ignorância…
aceitar a batota de quem te reduz
a mero vómito da sua abundância
Já subo de novo o meu calvário
carregando a cruz por pecados alheios…
porque não mudo a pena do meu rosário
castigando quem me ilude por todos os meios?
Basta apenas eu dizer Não
E basta apenas tu dizeres Sim
e o meu NÃO que é teu também
é o teu Sim ao meu Não à Humilhação
E podemos fazê-lo de cravo ao peito
e também de bandeirinha na mão
desprezando quem rouba com arte e jeito
e quer impor o seu Querer à nação!
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