KAUS!

 
- Identificação, por favor!

- Para quê?... Se somos todos iguais!
Filhos do mesmo Amor e dos mesmos pais!
Reféns da sentença que nos condenou à Dor!
 
Filhos de um pecado Menor
Feito carrasco dos demais,
Que nos amaldiçoou os pais,
E condenou a pena Maior!
 
- Escreve aí, por favor!
Sou a Besta das guerras infernais.
Sou a mão que rouba aos demais
E os lábios do beijo-traidor!

Sou o Anjo que mitiga a Dor!
E a mão, que com carinho e gestos iguais, 
Cuida da doença e mazelas tais,
Na esperança dum mundo melhor!
 
Grava aí, que sou deus e diabo
De um mundo educado sem pais
Sou filho da Gula, Avareza e pecados mais!
Sou explorador e explorado!
 
Sou carrasco, redentor, inocente e culpado,
Num mundo de Ego insaciável.
Sou meigo, bondoso, execrável e miserável!
E o estupor em Hiroxima semeado!
 
Sou a fome escondida em boca de abundância.
Sou a indiferença permanente
Ao esqueleto exibido em corpo de gente,
Vestido em modelo raquítico, parecendo criança!
 
Sou a fome e a fartura que divide o mundo!
Onde nem deus nem diabo têm opinião!
Sou eu que decido... e Eles não,
E lhes dou Rosto, escondendo o meu, que é Imundo!
 
Sou Leonardo, Miguel e Galileu!
Sou Hitler, Mussolini e Franco!
Sou Preto, Amarelo, Vermelho e Branco!
Sou Crente, Agnóstico e Ateu!
 
Sou Pedro, Newton, Goethe e Beethoven!
Sou Matemático, Físico, Filosofo e Poeta!
Sou a peçonha que envenena o Planeta!
Sou a Besta que diz que a Guerra é um Bem!

Sou a Luz que Ilumina e dá cor à Vida!
Sou a Sombra que esconde e condena à Morte
Gente, que por má Fortuna e pior Sorte,
Vê a sua Sina por mim tolhida!

Escreve aí, para que fique registado,
E os vindouros entendam
o CAOS no registo encontrado,
E erros semelhantes não cometam;
Não fui deus nem diabo,
E para que melhor percebam,
Escreve, Que fui  pior.. muito Pior,
Porque deles, fui Rei e Senhor!