Entre a vida e a morte há tão pouco...
e eu estou na grade, no limiar...
Pois o brilho da vida sempre é fosco
quando não se consegue amar
Entre a vida! E à morte, há tão pouco
querida, se opõe a esperança,
na ânsia de agradar a todos
os (também meus) pensamentos,
na loucura de responder a todas
as (também minhas) expectativas
Quem dera se o coração e a razão
andassem num só compasso...
Quem dera se duas almas gêmeas
que vagam nuas no espaço
fossem dois corpos que pensam
e sentem e se sentem igual...
Não custa sonhar (no que talvez só aconteça ali nos sonhos)...
Seria bem mais fácil assim
não cometer injustiças, saciar desejos,
entregar o próprio sangue em meio a beijos,
sacrificar a mente, o corpo, o gozo, tudo,
sabendo não estar num jogo
onde só se paga pela derrota
... e donde só se sai derrotado...
O amor é injusto...
Pois não se pode errar,
mesmo no limite deste gostar,
para mantê-lo altivo a todo custo
E, por pior, mais cruel que pareça,
o amor é finito.
Ou pelo menos tem um cume, estável,
donde se pára enfim para pensar
concluir que nem tudo foi conquistado
nem tudo foi conhecido, reconhecido
... nem todos os rumos foram tomados...
...
Aqui estou, novamente, sem rumo efetivo,
estagnado no gradeado limiar,
com sonhos deixados para trás,
estratégias traçadas a frente,
e nada, assombrosamente nada
de concreto e presente...
Apenas a lembrança de um grande amor,
mal-entendidos e dúvidas.
Apenas a lembrança de dois grandes amores
e a insistente e ininterrupta
presença do amor em duas cabeças...
Nunca estivemos errados...
O amor, ainda que fraco, ainda que fosco
Entre a vida e a morte há tão pouco...
Entre outras comparações e metáforas possíveis com a vida, com o amor que nos alimenta a vida, pode-se considerar que até mesmo dormir é morrer, e acordar é renascer... todo novo dia é a possibilidade de uma vida, nova, de morte e libertação... as grades que insistentemente nos impedem de serem serradas dão a direção de outro caminho... a ti...Fim (e in
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