E de tanto que grito, calo.
E de tanto que falo, esqueço.
Mereço tanto o descanso.
Tanto o descanso mereça-me,
ele não vem.
E de tanto que oro, espero
E de tanto que berro, choro.
Ignoro tanto a dor.
Tanto a dor ignore-me,
ela não passa.
Não cessa a noite
tão encrespada de estrelas,
brilho explícito do matírio
de meus olhos erguidos ao céu.
Não cessa a gravidade,
tão cheia de pesares,
verdades, pesados ares
a esmagar-nos contra o chão.
E de tanto que levanto, caio.
Retraio a visão e o coração fecha.
Inevitável é a queda,
do corpo ao solo,
da alma à eternidade.

São Paulo