Naves claras de algodão,
vão a mando da imaginação,
de suas formas vejo asas,
outras vezes são casas
e vezes mais são fadas
abraçadas pelo azul profundo do céu.

Aves raras em extinção,
cruzam toda a imensidão
perdendo-se na alvura do bom tempo,
na altura, em momento ensolarado,
dado o tris da tarde que caia
e vestia de cores, amores gris.

Vão-se com o vento as naves
e com o vento vão as aves,
com o tempo vão as horas,
vão-se com o tempo as auroras.

E quem dera eu fosse um homem de nuvens
para correr o mundo afora.

Vapores divinos e suspensos
que por vezes são finos,
em outros são densos,
cavalgam invisíveis desatinos
ao som dos violinos que do alto se ouvem,
nas melodias eternas de Beethoven.

Espumas da arca sagrada,
no topo das montanhas derramada
diante dos olhos extasiados,
contemplativos, maravilhados.
Pura seda desenhada
em candura de prata pura.

Vão-se com a brisa os vapores
e com a brisa vão os amores,
com a água vão as espumas
vão-se com a água as escunas.

E quem dera eu fosse um homem de nuvens
para estar mais leve que as plumas.

São Paulo