Ficou um pouco de tudo.
Da escassa gota d’água
nos poros de teu corpo
e nas torneiras.

Ficou um pouco de tudo.
Teus bilhetes quase intactos.
No meu íntimo, teu retrato.
No meu olhar opaco,
tua última visita e a primeira.

A marca do botão
na camisa que tu dizias ser linda.
No caule além, ainda,
do suave perfume da roseira.

Ficou um pouco de tudo.
Dos telefonemas fora de hora.
Quando, do teu lado,
a preguiça de ir-me embora.

O coração acelerado
ao ouvir a tua amável voz lá fora.
Só que para ti nada ficou,
ao passo que prá mim nada passou,
pois que jamais fenece

este amor minimalesco.
Ora lembrança, ora saudade.
Outrossim, liga concreta em meu futuro

dissolvido em mim, comigo dorme
e amanhece; após o espetáculo, como personagem.
Eterna, tu figuras nos cenários de minha vida.

Doravante, natural e formosa
aual pétalas de rosa
dos jardins que ladeiam
minha casa sem janelas.

Posto que oscilam sobre o mar
de esperanças, nesta vila.
Noites e dias à tua espera.

Curitiba, 07/11/1991