Amor meu, quanta saudade!
Mais agora, adeus...
Tombei pra dentro de mim
E uma luz baça despertou-me,
Uma luz tenra fustigou-me
as rugas. Acordei. Agora adeus!
Mais uma vez e, agora em definitivo, adeus...
Porém... teu perfume de trigo dourado;
Tua cor do cirro ao meio dia, eu não poderei evitar!
Agora te encontrarei num mundo telúrico, encantado,
Onde finalmente, sozinho, me debruçarei pra sonhar!
Ah, disso não poderá proibir-me!
Fartarei-me da rubra cor dos teus lábios,
Do carmim da tua linda boca beberei todo o cio;
Do teu corpo louco que tanto sonho farei a morada da minha carne.
Não, não poderás agora me proibir!
Porque de agora em diante adentro velozmente
Na tua vida como num mergulho
Profundo e silencioso no mais límpido oceano (do teu corpo)
Adeus amor meu, saudades!
Agora, não deixes de encontrar-me nos nossos poemas!
Não naqueles que te atormentam com súplicas dum amor impossível!
Mas especialmente nos que falam do amor verdadeiro.
Toda ilusão é válida quando é sonhada com a alma.
Adeus meu amor! E procure ser feliz!
Quanto a mim, eu retorno para as sombras
De onde vim e de onde jamais deveria ter saído!
Porém, se escapei das minhas sombras, das minhas folhas mortas
É porque violentamente fui arrebatado pela imensidão da tua luz!
Recolho-me agora ao meu anonimato.
As sombras do crepúsculo me aguardam...
E pássaros de rapina cantarão ao meu silêncio
O seu canto noturno de saudade.
Adeus pequeno anjo, e se cuide!
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