Senhor D’ Artagnan
 
Viva, Senhor d’ Artagnan
Vindo duma fria manhã,
Nobre arauto dos sonhos -
Ar triste, lábios risonhos!
Cavaleiro d’ aventuras,
E das mais parcas venturas,
Alvo de puro motejo,
Nesse trivial desejo,
Enebriado de paixão,
Em lutas de coração.
 
Viva, Senhor d’ Artagnan,
Procura a sua donzela,
D’ entre as demais, a mais bela,
Sem dote, nem riqueza?
Ah! Procura a sua princesa,
Suave toque de carícia,
Ou um beijo sem malícia,
Dos seus lábios de romã?
 
Viva, Senhor d’ Artagnan,
Vindo de lutas e afá,
Mosqueteiro vagabundo,
Ébrio de sono profundo!
Ou da noite companheira -
Qual abraço de rameira -
Sem tempo de desvario,
Vida solta, ser vazio!
 
Adeus, Senhor d’ Artagnan,
Veleje no mar das dores,
Da virgem, prenha d’ amores,
Que, por si revende a alma.
Pois que venha a morte calma,
Homenagem do tormento,
Patética, sem lamento,
Desta sua batalha vã...
 
Adeus, Senhor d’ Artagnan...

Triste Poeta
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