Amores e Desamores

 
Amores e Desamores
 
Sou Cyrano, um boémio inveterado,
poeta de mil e um amores sentidos,
cavaleiro sem armas, da má-figura.
Sou Cyrano, amante do desespero,
de damas enamoradas de perigos,
em ornados e capitulares dosséis.
 
Se meu doce amor primeiro vivesse,
seria quiçá o terno esposo sonhado,
mas a recordação esvai-se na bruma.
Na voragem das conquistas fúteis,
meu coração se perdeu no desvario,
mares e céus naveguei, terras vivi.
 
Nas terras d' ébano, princesas amei,
formosas, desnudas, ninfas da noite,
Nas terras mais lusas, morenas de sol,
musas de meus sonhos mais juvenis.
Nas terras balcãs damas de tez alva
e sorrisos de romã. Dei e mais recebi.
 
E mais mundo não quis, amores neguei,
fino-me no esquecimento da memória
de mim mesmo e dos pesadelos vilões.
Parto a sorrir, a máscara d' inddolor,
Sem penas, culpas, remorsos tardios...
Sou Cyrano, enganador, ébrio poltrão.
 
Estes amores e paixões são voláteis,
rarefeitos pelas ilusões de momento,
elevam-se ufanos e ruem desfeitos.
Ao poeta boémio restam-lhe ilusões,
saudades infindas, visão de sonhos.
Sou Cyrano, jazo, no nada de mim.

Triste Poeta
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