Bobo
 
Oh, bobo! Oh, bobão!
Que não tens um tostão,
De riso tão forçado,
Fato mal amanhado...
Oh, bobo, que bobagem!
Nessa triste imagem,
Pobretanas errante,
Que piroso tratante!...
 
Oh, bobo, trapalhão!
Bobo sem coração,
Canta-me doído fado,
De dores e pecado...
E nessa parca mensagem,
Ousa de boa coragem -
Não sejas mais pinante -
Em tom forte, troante...
 
Bobo, canta a paixão,
Diz sim, nunca um não,
Ao amor desejado,
Sublime, tão clamado.
Enceta nesta viagem,
A fé de quem, em romagem,
Suplica delirante,
Um terno ai d’ amante!

Triste Poeta
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