Ciúmes de ti , por ti ...
É-me veneno nas veias
Que dilacera corroendo
A alma em químicas
Sorrisos decompondo
 
Substancia tóxicas
Da virose aguda desejar,
Em sintomas frenéticos,
Infectando conglomerado
Ao mesmo ar a suspirar
 
Transbordante de bacilos
Que proliferam com fúria,
Contrai a cada olhar distante
Ou palavra a soar desleal,
A cada marcha em calúnia,
 
Em sua esfera, isolamento global
Ao contrair este mal,
Sintomas num olhar de fúria
Em lábios contraídos, mordidos
Partidos, de palavras paridas
Num clima baseado em petulância
 
Febre em alta ferroando
Se contorcendo por dentro
Em medos encobertos
 
Soro tenta reanimar
Ao se revoltar em palavras
Caídas abaixo junto das lágrimas
Vertidas em frívolas dores
 
No delírio nem se sabe o que se diz
Em desmaio aos fleches da vertigem
Em demasiado acordo
Entre ódio e amor
Entre a dor e o alívio
 
Entre confiança e ameaça
Entre ausência e presença
Entre a doença e a cura
Entre a razão e a loucura
Tudo anda a par de seu oposto
Em contradições com seus sinônimos
 
Moléstia em lânguida face
Tanto abandono em repúdio
Num sonho ilusório que difunde
Um veneno que estagna contraindo
Que transmite contaminando
Que permanece contagiando
 
E que aos poucos vai matando
E num outro monstro transformando
E tudo vai se extinguindo,
O brilho no olhar vai emudecendo,
Os lábios se acabam por ir calando
Enquanto seu mundo vai desmoronando.
 

Allinie de Castro
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