Portador de um ciúme doentio,
Namorava uma moça inteligente,
As vezes se mostrava impertinente
Por ficar conversando horas a fio...

Com seu papo sem graça, tão vazio!
Certa noite, já quase impaciente,
A donzela falou ao pretendente
Com seu timbre de voz calmo, macio:

- Já faz tempo, meu bem, que anoiteceu!
Quero ir para os braços de Morfeu,
Amanhã trocaremos outra idéia...

Ao que o rude, nervoso e vingativo,
Arremata, num tom quase agressivo:
- Eu também, vou pros braços da Morféia!

 

josé riomar de melo freitas
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