b. jump

Agora que é modismo
Agora que está em voga
A prática, no esporte, do radicalismo
Na modalidade b. jump

Para fugir da rotina
Que leva esta gente citadina
Para nutrir esta vida enfadonha
Para não dizer tristonha

Tem muita gente granfina
Com a embira no tornozelo
Tem muita figura paladina
Pendurada pelos cabelos.

Agora que o propinoduto
virou diária estampa
Na mídia dos dois hemisférios

Os políticos que impolutos
outrora subiram a rampa
Comezinhos, descambam aos impropérios

Estes santos fazem uso
da tribuna da câmara
Para amaldiçoar o cândido Valério.

Quem diria, companheiros,
que esta cúpula governamental
Que fora do poder
exercitava com radicalismo
o labor rotineiro
da ética e da moral
Alimentar-se-ia dos conselhos
Próprios, num ato de canibalismo!

Enquanto o b. jump
Torna-se o favorito esporte
Da vida política nacional
A classe média descamba
E avoluma-se a fila da morte
Na derradeira camada social.

Enquanto no b. jump
se divertem os homens barbudos
mas jamais caem no poço
que dirá na vala do ostracismo

os cidadãos naufragam-se
em cifras indecifráveis de tributos
e com a corda no pescoço
vivem enforcados pelo laço do capitalismo.