Ai então, pensei,
Por que não escrever em moldes?
Pois assim, pode ser até que voltes,
A ver em mim, a verdade que não deixei.
 
Mas, posso, e corro, o risco,
De ficar mal entendido,
Ou de tudo, não compreendido,
Por tal rima, pensada de modo corrediço.
 
Nem mesmo longe te calo,
Por dentro, ainda que por sonho,
Tenho-te feito regalo,
Feito a água quente do banho.
 
E mesmo que ainda, o frio,
Endureça os dedos, gélidos,
Ou o ar seja fétido,
Deixe-me, mas não desfaça o trio.
 
Permita ouvir a versão,
Aversão da mentira é aceitável,
Cabível. Venha dar-me teu perdão,
Pois nesse encalço, tanto sou suportável.
 
Por mais dolorido, relaxe,
Tentei trazer de volta velhos companheiros,
Coloridos falando malgaxe,
Surtamos em psicodélicos desvarios.
 
Na busca eterna por encontros,
Na busca eterna por rimas,
Vi perder-me entre linhas,
Vi perder-me entre contos.
 
Não desfaço, agora jaz,
Permaneço permanente, louco?
Só nos resta um pouco do pouco
Do dia, só nos resta o que ele traz.
 
Em resposta ao verso outro,
Do louco, resta pouco.
Pouco do tempo restante,
Faço dele tempo errante.
 
Alusões inesperadas.
Lições exacerbadas,
Intenções precipitadas,
Naves espaciais,
Erros! Sorte?
 
Garantias estratosféricas,
Inteligentemente arquitetadas,
Literatura esotérica,
Barreiras armadas.
 
Erros? O próprio sorte,
Resmungos, descasos,
Tantas voltas sem norte,
Onde foram os laços?
 
Feito! Agora o plano,
Ultimo desejo por hora,
Tudo aquilo que ainda não, embora,
Ultrapasse esse, que é ano.
 
Rompendo com limites, encontre,
Onde nos perdemos em tempo ido,
Com muito prazer, remonte,
Eterno elo fundido.
 
Recrie, brilhe e inove,
Travando diária batalha,
O nosso dia, que move,
Juntos na mesma toada.
 
Unidos nesse, que não tarda,
Não falha, não descansa,
Tenha ainda força tamanha,
Ouvindo e confirmando aquela quarta.

 

Gilberto F.S.Martins
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