Até onde se há de ir?

Quanto tempo um amor não mais materializado teima em persistir?

Singular e verdadeiro?

Caso sim inconcebível a idéia de um formal desapego

Não há como esquecer

Perpetua-se através da história, dos momentos felizes que proporcionou ao viver

Na alegria perante vitória alheia

Na paixão que após tanto, ao coração ainda subitamente incendeia, numa chama que constantemente ao coração permeia

Então como superar após fim não planejado?

Como aceitar ter sido o que foi se de fato permanecerá como algo que deu errado?

Não se esquece, a dor engrandece, de nova alma veste-se

As lágrimas teimam, a pureza faz crer ser eterno e em certo contexto o é, mas se esquece, o tempo passa decreta fim ao luto e a tudo cede

Fica imortalizado num canto vasto do espírito

Vez real durará os dias que compõem o infinito

Porém sem a amargura do que não pôde ser, sim cercado da esperança de que valeu a pena viver

Com o carinho e o agradecimento a Deus por num mundo imenso ter esbarrado com você

Como esquecer teu olhar abnegadamente apaixonado?

Como evitar saber que sonhos quase idênticos formatavam um futuro por nós comungado?

Como esquecer o quão sincero foram os “Eu te amo“ declarados?

Como não se exaltar revivendo reencontros após dias de saudades que fazia-nos querer fixar para sempre nos braços reciprocamente amados?

Mas os amanhãs chegam e a vida segue

Para-se de relembrar, novas alegrias, inesperado não tão verdadeiro amor diminui o passado que por vezes até parece padece

A vida leva rumo a caminho já traçado

A veracidade única um dia partilhada remete a felicidade de ter esse sentimento infantilmente real para o todo sempre reconhecido, guardado, intocado

Duas vezes não o vive ou não o seria em sua essência

Quem o conhece sabe haver inconfundível diferença

Elevamo-nos à condição imortal quando invadidos

O medo dilui-se vez que a eternidade, senão neste, em outros mundos, o reencontro reserva

Caso consciente dê a seu único amor um Adeus e um até para sempre.Nunca perdidos uma vez realmente pela alma unidos!

Rio, fevereiro de 2005