Mas para que tanto DNA

e tanto sistema nervoso central

se tudo isso é tão banal

para essa gente sofrida.

 

Mas para que tanta função

de primeiro grau,

se as feridas dessa gente são de

segundo grau e não têm parábolas.

 

Mas para que tanto sujeito

se o plural eu nem conheço

se o predicado foi um homem de respeito

que está na cadeia pelo erro de outro sujeito.

 

Mas para que tanto oxigênio

se falta oxigênio nessa gente para

lutar em meio a tanta desolação e sofrimento.....

 

Mas para que tanta guerra

se o que eu preciso

é de paz.......

 

Para que tanta economia

se o dinheiro somente desatina

a vergonha da maioria........

 

Mas para que tanta revolução

se a vida não tem perdão

se a morte vem de avião

se eu não tenho um coração amigo....

 

Mas para que tanta medicina

tanta competição encima

de um povo tão frágil....

 

Para que tanta lei e tanta força

se energia não há ali e se ordem

não há ali, se vida não há ali.

 

Mas para que tanto tecido

se não há um só tecido

que possa cobrir um miserável....

 

Para que tanto saber

se não posso compartilhar

com todos meus irmãos

a felicidade de ser maior que eles.

 

Mas para que tanta engenharia

se o que eu quero construir

é bondade no coração.

 

Uma Ironia um tanto triste e uma contradição um tanto forte.

Diego de Andrade
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