No banco da praça que te conheci,

Jazem meus sentimentos

E minha sombra

Vinte e quatro horas por dia,

Trezentos e sessenta e quatro dias por ano...

Pobre sombra,

Já empoeirada,

Aranhas nela tecem suas teias,

Rasgadas impiedosamente pelo vento da tempestade

Até parecerem trapos jogados sobre um móvel velho

O céu ligeiramente fica nervoso

Levando embora, todos sentimentos bons

Deixa só a raiva e a solidão

Mas isso, não a atormenta

E mesmo assim continua ali,

No olho do furacão

O vento selvagem estraçalha seu cabelo arrumado

Como um leão pulando em sua presa fácil

Já com a pele enrrugada,

Vestes em trapos,

E cabelo desalinhado

Quase como um espantalho

Que vê tudo passar a sua frente

Mas não nota nada

No vácuo mais horrendo possível

Um leve movimento foi percebido

Os urubus em seus ombros

Voaram assustados,

A aranhas retiraram-se

Assim como fez a sombra

Que levantou-se lenta e dolorosamente

Até ficar inteiramente de pé..

Esse era o sinal,

Era o alarme cruscial

Teria ela fugido ?

Ou teria ela voltado no tempo ?

Não...

A sombra do meu coração apenas aceitou,

Aceitou que você já não está mais aqui.

 

Kelly *-*
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