Quando tudo parece vazio
E a lágrima aprisiona a alma
E os braços carentes no frio
Sem consolo congelam a calma
Feche os olhos e tente enxergar
Que a tempestade é em copo d’água
Lance esse copo pra longe, ao mar
Mas não afogue seu corpo em mágua

Então as lágrimas no copo pingadas
Mergulham no mar das profundezas
Perde-se de vista as gotas salgadas
Partidas de dois rios de tristezas
Que se uniram em pranto, alagadas
Largaram-se quentes no poço
E ao chegar ao fundo, cansadas
Fizeram do escuro um mar de alvoroço
Fizeram do mundo um monte de água
D’água quente em fria, mas ainda salgada
Mas que tortura por grande tristeza!
Que gosto salgado de cara molhada!
[Mas salgado antecede a sobremesa
E tal sobremesa é servida do nada!]

Dedico ao meu amigo André