Vertias música de teus olhos lacrimosos;
Vasta e pobre aridez no longo sorriso...
Na delicadeza japonesa dos empurrões,
Brutalizavas qualquer calmo beijo;
Quanta sensualidade nos fortes tapas,
Para violentar-me com teus abraços...
Derramavas de tua boca adoráveis palavrões;
Em vezes, salpicado por elogios baratos
Ninfomaníaca, elegantemente dormias,
Para tornar-te gigantesco iceberg no gozo;
Vomitavas ciúmes ao esquecer-me na sala;
Transbordavas indiferença nos carinhos;
Suplicavas por solidão, desejando-me ;
Exigias minha presença, abandonando-me;
Aflita, tranquilamente balançavas à rede;
Relaxada, vagavas gemendo noite adentro
Tinhas saudades minha, comigo ao teu lado
E uma incontida euforia na minha ausência;
Carente de mim, clamavas por solidão;
Totalmente auto suficiente, exigias colo;
Árida e saciada, chamavas-me ao quarto;
Arrebatada pela tesura, descartava-me;
Nos lençóis de outros homens, amavas-me;
Atravessada na minha cama, insultavas-me
Quando desesperavas-te, ias alegre ao jardim;
Na felicidade, descabelavas-te histericamente;
Perdidamente apaixonada, expulsavas-me
Para detestar-me novamente cheia de candura!
Fácil entender sua melada monstruosidade;
Também repouso em teu buquê de espinhos;
Na exata medida que me reconheces,
É o tanto que teu amor me merece...
Gê Muniz
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