Tua curva erradia e infinita
Dobrei em milissegundos
Conquistados teus mundos
Considerei-te rica e bendita
Beleza repleta de exatidão
Desvairada empreitada
De tua faustosa estada
Restou farta desolação
Achava-me em segurança
Bem distante de sua boca
Mas para esta rima louca
Não haveria uma esperança
Levado por um turbilhão
Movido por total luxúria
Despejei lasciva fúria
Verti carinho e devassidão...
Tomei relincho por belo canto
Montei charrete achando-a carro
O puro jade tornou-se barro
Foi-se quebrando o encanto...
...de teus olhos sobrou mistério
Das ancas boas lembranças
No íntimo, desconfianças
Que teu amor um dia foi sério
Causado todo o resultado
Deste descontrolado desejo
Organizado foi o cortejo
Da pobre alma deste coitado
Que por amor cego arribou
Às costas de um precipício
Ponto alto do comício
A que esta desventura levou
Quem puder que provoque
O furor cego de uma atração
Mas guarde uma boa oração
Pr’a que a razão o reconvoque
Pois quem se veste de brasa
Tem a carcaça carcomida
Perde o sutil controle da lida
Do fogo que a paixão arrasa
Gê Muniz
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