Guarnecido pelo aconchego do meu quarto,
Um pouco antes do diário espetáculo do exaurir da antemanhã,
Vislumbro frontes jovens, vidas que ainda moram
No reino das cordilheiras da semeadura
Encontrando a inexorável centelha
Da perpétua taciturnidade prematura.
Em conglomerados de aborto habitacional,
Aos pés de semáforos, congostas e esquinas,
Contemplo girassóis lactentes
Ficarem pálidos por não poderem
sorver a seiva da alegria vitalícia.
Então, encarcerados na dantesca galáxia
De luminescências do desespero,
Acham abrigo nos insidiosos braços
Da mãe da intemperança, do autoritarismo e da velhacaria:
A cápsula cilíndrica, que expele a massa ígnea,
Erige, sobre as costas dos outrora indigentes,
Um oceano exultoso de dinheiro
E um castelo de túmulos de gente:
Atroz, inócua, como eles, também sofrida imensuravelmente.
Enquanto isso, no Torrão das Tapeçarias Magnas,
Crisálidas, que singram o limiar
Da alameda de existências adultas,
Rendem-se ao reino siderante
Da pólvora: tudo em nome de seu Deus;
Ou em nome do amor á sua Pátria!
Entretanto, na verdade,
O motivo é coisa secundária:
Enquanto no Torrão das Tapeçarias Magnas
Se morre, se mata;
Nos garbosos palácios da velha e nova plaga ocidentais,
Florescem jardins de opulência
Nas algibeiras dos Magnatas das Armas.
Pobres jovens Estrelas
Pobres jovens Estrelas
Pobres jovens Estrelas:
Sacrificam-se para a glória egocêntrica
Da Metal Malévola Realeza.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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