ANABIOSE DA PAIXÃO

                        


 

 


 
Enquanto ergue-se em mim


 

 


 
Um monólito de bem-querência á solidão,


 

 


 
Lá fora a rua é quase calmaria


 

 


 
Pois o rádio ---- ainda que


 

 


 
Ligado ---


 

 


 
Ajuda a compor o quadro


 

 


 
Do augusto mutismo altruísta, sereno,


 

 


 
Sábia atmosfera de reflexão recrudescendo.


 

 


 
 


 

 


 
 


 

 


 
Após tantas e tantas esperas


 

 


 
Pela ignescente e fulgurosa


 

 


 
Aurora boreal, sem


 

 


 
Que houvesse uma sequer


 

 


 
Negativa ou positiva resposta,


 

 


 
Apaguei a chama da esperança:


 

 


 
Cerrei-lhe a porta!


 

 


 
Preferi o porto seguro do vácuo


 

 


 
A prosseguir contumaz


 

 


 
Em minhas andanças


 

 


 
De exitoso náufrago.


 

 


 
 


 

 


 
 


 

 


 
Porém a voz da minha consciência


 

 


 
Diz que é cedo demais


 

 


 
Para eu relaxar,


 

 


 
Me deixar entregar ao embalo


 

 


 
Dos hartos e meigos braços


 

 


 
Do réquiem do apaziguamento


 

 


 
No mar da expansão engolfado.


 

 


 
 


 

 


 
 


 

 


 
 


 

 


 
A bem da verdade,


 

 


 
Ela me alerta:


 

 


 
Diz a mim que o náufrago


 

 


 
Não se dirigiu ás estâncias


 

 


 
Do reino do Morfeu perpétuo.


 

 


 
Não,


 

 


 
Ela me diz que ele escapou


 

 


 
Das garras do limbo da letargia eterna


 

 


 
No momento em que minha visão-caminho


 

 


 
Singrou o caminho da jóia


 

 


 
Divagativamente


 

 


 
Ametista-Névoa


 

 


 
Que no meu jardim aflorou áquela hora.


 

 


 
 


 

 


 
 


 

 


 
Sim, um copo-de-leite roxo


 

 


 
Libertou-me, de novo,


 

 


 
Do cárcere da benfazeja embriaguez voluntária.


 

 


 
 Sim, um copo-de-leite roxo foi o suficiente


 

 


 
Para revelar que o crepúsculo


 

 


 
Definitivo da chama, na verdade,


 

 


 
Era o ouropel da morte:


 

 


 
O coma, o coma!


 

 


 
 


 

 


 
 


 

 


 
Ah, mais que dolente engodo:


 

 


 
Agora é que descubro


 

 


 
Que meu monólito de bem-querência á solidão


 

 


 
É um dantesco absurdo!


 

 


 
 


 

 


 
 


 

 


 
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA


 

 


 

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JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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