cigarra dissonante canta "verve vertiginosa"

Suas vertigens ensinaram-me a pedalar
pedalar... decolar para a tristeza despistar.

Não se aperreie com dog na pança;
Célias, mamas e papas penhoram herança...
Não é empecilho para nossos brindes
de cevadas, garapas e mates...

Não, não, não...

Toda a desgraça de nossa linhagem caberia com sobras
em qualquer pasquim ou talo de bosta.
Citações sobre essa estirpe
é fazer com que furúnculo estique.

Com poucas palavras:

Esse clã não ganha nem corrida de rolimã,
pois é nobre demais se guiar essas rodinhas.

Suspiros e pedidos entrelinhas,
somos os cabeças da conspiração,

os mais dignos de comoção;

somos frutos de uma árvore sem frutas,
infantes da infância de foto colorida,

os meninos que sonharam com as meninas
que sonhavam com os meninos
que dormiam com as meninas...

somos os que levam paqueras à sério;

sultões dos banheiros vazios
e quartos trancafiados

e negue seu pudor:

tudo é claro feito 6... 15... às vezes 51...
varia a mão que escreve.

não tivemos idade para puberdade,

assim como Neruda não caiu na nossa sala,

nem Drummond no time de futebol de salão.

Nossa mulherada que não desfila,
mesmo porque seu charme está nas corcundas,
aparecem sempre de “chico”,
mas quando a gente cantarola “vai passar”,
elas rosnando
advertem que trata-se de outro fulano.

Mas sem desanimar

meu caro amigo, meu caro irmão,
meu caro guigo,meu Camarón.

Não vamos deixar a pipa cair
lá na rua dos marimbondos.

Como contadores de histórias que fomos e somos,
eu com meus melodramas
de quem não sabe jogar com damas
que não eram damas,
nem eram candangas,
nem frangas nem barangas...
eram meninas

e você,

pé-de-chinelo intelectual
com aquele papo sideral
que o novo testamento seria legal
se fosse escrito
pelo doze apóstolos da Laranja Mecânica.

Você que questiona o dito,
sabe que és mais que matéria orgânica;
não faz rima nem faz métrica,
pois és livre, és amador, não atleta.

Leu todos os “ismos” que conheço,
pois só conheço, pois leu pra mim...
Tanta história ouvi até o avesso,
vi o começo,
participei do meio
e ri um bilhão de vezes do fim.

Ah... Coisa rara
achar um Arari
mais fácil que arara.

Se pra manter o porte,
o espírito do esporte,
temos que comer ovo,
ovo, todo dia, tudo de novo,
ovo, de novo
a gente come,
pois nossa fome
é por estradas, paisagem,
vôo, escala e viagem
mesmo quando de trem
lotado de tudo, até do que não tem,
até do careca com a careca em cacos,
até do Nelsinho que não bate continência,
até do sonho que apanha da emergência
e até das mulheres que querem ser sorvetes.

Ah... Mulheres, cheirosas de cama,
travesseiro, sol, ônibus, dinheiro, sutiã,
calcinha, maracujá, pão, manteiga,
feijão, suor, sabonete, xampu, toalha,
cueca, sabão, clitóris, gordura e compaixão.

Meu poeta tricolor,
debaixo do equador tá calor.
por isso vamos brindar com fervor,
com cerveja, caldo de cana e um bom mate;
comer pastel de carne, banhada mão de óleo e caminhar,
caminhar, caminhando, caminhando
caminhando para ganhar permissão para decolar,
engatinhando... engatinhar...
de cá pra lá, de lá pra cá

atrás das pessoas atrás de pessoas
atrás das pessoas atrás de nós
atrás das pessoas atrás de nós
atrás das pessoas atrás de nós
atrás das pessoas atrás de nós
atrás das pessoas atrás de nós.

à um grande amigo e ser humano ( rodrido munhoz)

sampa

José Ítalo
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