Batimentos derradeiros

Batimentos derradeiros

Contagem regressiva...

Cem são os batimentos que me colocam entre a vida e a morte.

O que você faria com os noventa e dois que me restam agora?

Nove milhões, quatrocentas e duas mil,

Foi o bocado de batidas que perdi no auge de toda a minha vida com a minha própria ignorância,

Será que sessenta e oito podem me trazer a salvação?

Será que é o tempo necessário para consertar os erros que cometi?

Lá se foram mais quinze batimentos com as minhas perguntas sem respostas.

Neste momento, como certo, o demônio já ri,

E eu, que em toda a minha vida ri ao passar sobre a cabeça dos outros,

Aprendi que quem ri por último com toda a certeza ri melhor.

Trinta batimentos lançados fora, é isso mesmo, mais trinta batimentos me aproximaram mais ainda do inferno.

Restam-me agora apenas trinta e oito...

Talvez o melhor que eu tenha a fazer é deitar em minha cama e esperar a morte lentamente.

Trinta, vinte e nove, vinte e oito, vinte e sete, vinte e seis...

Que merda! O que ganhei enganando os outros?

É isso! Pelo menos na Terra ganhei tudo que um homem sonha ganhar;

Tive dinheiro, muito dinheiro, dólares, euros e o melhor: MULHERES!

E daí? E agora? Tudo irá ficar e eu...

Ha, ha... E eu vou ir! Vou pagar por tudo que cometi!

E não será com dinheiro que pagarei, e é aí que a gente vê que dinheiro não é tudo.

Olha só, pela primeira vez me vejo chorando,

Isso mostra que o meu coração não é tão duro assim,

Eu poderia ter sido melhor, mas o dinheiro me tornou um cego.

Dez batimentos...

O que está acontecendo?

Algo está me puxando pelos pés!

É a minha hora!

Solte-me! Por que ri tanto? Para onde está me levando?

Aqui não! É quente! É quente!

Deus, ajude-me!

Socorro! Socorro!

Socoooor...

Rogerio dos Santos Rufino
© Todos os direitos reservados