Cadê...
foste para um mundo distante
adiante da composição de carbono
e me largaste neste mar de abandono,

ou ainda habitas este universo?
Não mais entendes a semiótica
ou repudias os meus simplórios versos?

Rompeste as relações comigo
ou me tens com segundas intenções,
muito além do natural convívio?

Por acaso, ganhaste na loteria,
casaste-te com aquele antigo amor?
Ou te apaixonaste pelo Cristo Redentor,
ou te enclausuraste no convento de Maria?

Cadê...
dói acreditar que perdeste o entusiasmo
pelo nosso relacionamento e sua mantença;
enquanto eu rasgo as noites claras, feito asno,
relutando com a vacuidade de tua ausência.

Cadê...
tu, de me falar, exauriste a vontade?
Aliás, quem sabe a saudade
nunca teve a morada por esses lados
do Rio de Janeiro ensolarado?

Assemelha-te à efêmera chuva
que desaba na aridez do Saara:
não refresca, não molha,
nem alaga e vai embora...

01/03/2005

Curitiba