Porque a humanidade
operacionalizou a inversão
dos valores bíblicos,
há uma constante calamidade
em escala de imensurável proporção
e o mundo nos apresenta esquisito.
Não há benignidade
na face dos homens cultos
e na árdua vida dos incultos
há uma escassez milesimal,
posto que, excluída da dignidade,
sessenta por cento da população mundial
sobrevive na periferia marginal;
hoje, sequer, tem direito à vida,
pois nem acesso à água e comida
tem, que dirá à vindoura claridade?
Rompeu-se a corrente da afeição
nas relações entre os semelhantes;
as pessoas nesta metamorfose coisificante
não passam de sustentáculos da globalização.
Perderam-se os fundamentais princípios,
nesta tormenta, por acúmulo de riquezas;
os decoros familiar, social e político
afundaram-se no turvo mar de avareza.
Porque a humanidade
inverteu um divino mandamento:
amam-se as coisas em detrimento
do amor ao próximo;
para a completude do ser não há diagnóstico.
Quando se usam as pessoas reificadas,
atrofiada, a alma morre lentamente,
por mais que estejam avançadas
as ciências, as tecnologias e as mentes.
25 de Fevereiro de 2005
Curitiba
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