A tempestade passou...
Porém as marcas ficaram.
Retalhos, ocupando espaços,
Demarcando territórios vazios,
Não ancorados no cais,
Fáceis de se deslizar.
Árvores secas apelam às raízes
Seiva para recomeçar.
O retorno da paz...tempos felizes...
Folhas caídas entopem bueiros,
Danificam canteiros...
Bloqueiam calhas, produzem goteiras,
Impedem passagens, emoções verdadeiras,
Que lutam por se libertar
E de novo contagiar
Almas doentias, realidade de estações sombrias...
Passou a tempestade, ficou o temor...
Abalando a fé, ironizando a dor,
Desestabilizando a eterna verdade
Provando que tudo muda, transmuta,
E nada se conclui; verdade não é única.
É preciso um recomeço,
Partir a cada dia, rumo à harmonia...
Vencer a tempestade, sonhar felicidade.
Almas sobreviventes, carentes
De luz e calor, de amor...
Emergentes do naufrágio da vida,
Pedintes de afeto, de acolhida,
A olhar para o céu, comovidas,
Na esperança da ave a anunciar
O fim do dilúvio...
E novos tempos a recomeçar!
(Carmen Lúcia)
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