Levantou asas,
alçou seu vôo,
foi pra bem longe
o pensamento...
Beijou manhãs
entreabertas,
irradiadas
de fresta e sol...
Andou em nuvens
sobre o arrebol...
Soprou fuligens,
tocou o céu...
Deixou que o vento
o carregasse
a passos lentos,
de encontro ao tempo...
Retrocedeu
em seu sonhar...
O (contra)tempo
o fez parar...
E com ciência
diz uma voz:
“Tempo não é algoz!
Segue!Não esmorece...
Sonho nunca envelhece!”
Foram instantes
de insanidade,
buscou adiante
sua verdade...
Ao deparar-se
com a realidade
quase tombou...
Indignou-se!
Envergonhou-se!
O mar chamou,
aventurou-se...
Em loucas ondas
flutuou...
Sentiu a dor...
clamou amor
que não chegou,
ou não escutou...
E o pensamento
livre e calado,
sentiu o piche
esparramado
pela estrada
da solidão...
Assoviou uma canção
e saltitou...
Quis reverter
a situação...
Absorver
mais argumentos,
fortalecer
os sentimentos
e expulsar
o amargor.
Qual pipa ao ar
volteia a vida...
Sorrisos, lágrimas
e às vezes
desenha feridas...
Longe indo,
fluindo,
abelha, pólen,
flor,
banha-se em mel,
esquece a dor...
Chegara a hora
do inusitado,
de ver o sonho
realizado...
Explode em versos,
extasiado,
inebriado
de fantasia...
Derrama pétalas,
plena euforia...
Nesse momento,
nasce a poesia.
*** Angela Oiticica & Carmen Lúcia ***
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Não crie obras derivadas dele