Absinto

Toda minha vida resumida a uma sala
todo meu sentimento reduzido à nostalgia
Uma outra boca fala, então a minha cala.
No tempo, deixou-se perder toda magia.

Já não existe mais aquela louca paixão,
o final do dia, já não é mais esperado.
A monotonia já tomou conta da situação,
e o amor, há muito ficou despedaçado.

O silêncio cada vez mais está presente
quando estamos lado a lado, é assim.
a prisão me assombra freqüentemente,
não vejo a hora da noite chegar ao fim.

Então lembra daquela mulher no café
sentada à frente de um copo de absinto?
Degas descreveu como o desolamento é
exatamente como ela é que eu me sinto.

Os seus olhos marejados miram o infinito,
o desejo que bate em mim é sobrenatural
Mas na pintura o sentimento fica tão bonito,
e na minha moldura de vida, fica artificial...

Se a minha vontade por um só momento
batesse asas para fora da minha mente,
e para acabar de vez com meu sofrimento,
fosse veneno, esse copo à minha frente.

Imagem: O Absinto De Edgar Degas
Cláudia Maia
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