Era digital dos poemas

Antes ser poeta tinha todo um ritual.
A folha branca sendo invadida pela tinta 
Em rabiscos na margem do papel
Eram o primeiro passo de um grande poema

Hoje entre uma conversa no msn
E uma Bisbilhote no orkut , digito palavras prontas
De sinónimos facilmente consultados num site
Verificadas pelo editor automático

Hoje meus poemas de versos brancos e livres
Não pela busca da liberdade de expressão
mas talvez por não saber compor um soneto
Ignorando as redondinhas....pobres poemas órfãs

Órfãs não só da forma e rima mas de sentimentos e valores
São tantas imagens bombardeadas em minha mente
Valores que chegam prontos da Wikipédia
Graduados pelo Google ,tudo em segundos

Segundos que esqueço o calor do abraço
O gosto d´agua fresquinha que corre da fonte
Minutos que perco e que nem sinto 
Me informando de tudo sem saber absolutamente nada

Preciso das florzinhas rabiscadas na margem
dos erros e dos papeis amassados
Para me convencer que os poemas são meus
Não de um perfil de um blog que não possa tocar