Nós temos o dom de complicar a simplicidade
De nos perdermos no descomplicado
E de desvalorizar a sinceridade
Talvez quando falam de amor
Estejam falando de algo sem cor
De algo que não se sabe o sabor
De algo que não se sente o odor
Algo de esplêndida magnitude
De extraordinária fascinação
Que se perde em qualquer atitude
E deixa o mais austero dos homens na ilusão
Tentaram explicar o amor com antíteses e paradoxos
Porém talvez ele seja mais simples
Talvez ele seja mais fugaz
Ou talvez; ele seja a própria antítese
A guerra e paz
Ou seja o próprio paradoxo
Que me torna incapaz
O amor poder ser um enigma
O vento que move os moinhos
O maior paradigma
No qual se pode ferir com seus espinhos
O amor poder ser a fraqueza
O sol que ilumina a cada dia
O rei Arthur e toda a sua destreza
Ou apenas a sua companhia
O amor pode ser materno
Onde vejo a sua beleza
Até dizem que é eterno
Deixando-nos com leveza
O amor pode ser as rimas
Que busco ao escrever
Ou apenas aquelas nossas primas
Que sonhávamos ao amanhecer
Mas para quê buscar a rimas?
Pra quê procurar as palavras certas?
Pra quê expendiar todo este tempo
Para quê entender o alento?
Para quê todo este sentimento?
Que dilacera minh’alma entediosa
E faz ressurgir uma força vigorosa
Mas talvez o amor seja isso
Simples e complicado
Sincero e comparsa
Circunstancial e confuso
Talvez seja a antítese
Ou talvez seja ao antídoto
Pr’aqueles que vagam sem rumo sem direção
Para um lugar de perdição
Está cada vez mais sofrível
Encontrar a palavra correta
Está ficando impossível
Dizer que dois pontos podem se unir por uma reta
Talvez seja culpa do amor
Que adormece’m meu coração
Inunda-me de dor
Arranca-me toda a razão
Sem um porquê
E sequer um senão
Algo que dormia em meu peito
Quieto, insosso, espreito
Porque toda ação possui uma reação
E amor pode ter sido o efeito
De tu seres a maldição
Que complicou minha simplicidade
Que me fez perder-me no descomplicado
E desvalorizar sua amizade
O amor é como um deserto
Ao dia cálido e vulcânico
Tornando-se totalmente incerto
Num caos gélido de pânico
O amor é um elixir
Pairando sobre nossas mentes
Teimando em se exibir
Deixando-nos sozinhos como sementes
Que sozinhas devem florir
Tentar explicar o amor
É um ato de me privar
Em busca de todo o meu furor
De toda sua voluptuosidade
E toda sua vaidade
E toda sua qualidade
A qual não existe adjetivos
O amor é vulgo
O amor é um síncrono de energia
O amor é impulso
O amor é intrépido
O amor é sutil e desconhecido
O amor é o soldado ferido
O amor é catenífero
O amor é um sonífero
O amor é a pedra no meio do caminho
O amor é o caminho onde havia a pedra
O amor é uma estrela cadente
Rasgando o espaço em segundos
Deixando sua magia reluzente
Ressurgindo os moribundos
O AMOR!
O amor é Antigo
O amor é Maravilhoso
O amor é Orgulhoso
O amor é Reticuloso
Ou talvez o amor seja uma invenção dos seres humanos
Daqueles que não encontravam uma saída
Perdendo-se nos afazeres mundanos
Como em minha partida
Seja em uma atitude desmedida
Ou ainda. Os homens sejam a invenção do amor
Que se cansou de tudo a sua volta
Mas então eu bato a sua porta
Apenas para lhe indagar
Quem inventou o amor!?
Responda-me por favor
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