Sopra o vento, no vago azul,
Que se confunde no horizonte... Céu e mar...
Que se confunde no horizonte... Norte e sul,
Quantas saudades! Nesta vastidão sem par...
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Sopra o vento... Que estica as velas,
E é por elas que vou... Sonhos de menino...
Que não traçou mapas nem paralelas,
E nunca aceitou o seu destino...
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E lá se vai... Vai-se com o vento,
Mas cala-se com a calmaria...
Ao esperar um novo advento,
Formado da lembrança, do dia em que partia...
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Pois o silêncio não é lúcido, e se desnuda,
Mostrando a face do medo vil e profano...
Palavras ao vento, são palavras mudas,
E palavras mudas não provocam danos...
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Palavras mudas não provocam feridas,
São como poeira, levadas pelo vento ao mar...
Que se confunde no horizonte... Como imagem perdida,
Que se confunde no horizonte... E sem ter como voltar...
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Então o barco perde-se, se põe a deriva,
E, contudo, vai modificando-se com o tempo...
E sua imagem morta, vai tornando-se viva,
Ao esticar suas velas ao favor do vento...