Quando certo dia tu cruzaste o meu caminho
E eu te cumprimentei com um olhar e um olá
Tu me falaste por assim dizer: - Vai te catar...
E eu, decepcionado, fiquei triste em desalinho!
Mas, eu sei quem tu és! Inda tentei responder:
- Não interessa, é um grande engano, caia fora!
Pois, nunca tive tal desprazer em te conhecer,
Como o dizes tê-lo a mim, assim me deploras!
Mesmo assim, eu insisto: - Escute-me, por favor!
Eu não quero causar incômodo ao teu sossego
Também não exijo que tu tenhas a mim apego
Nem tampouco quero implorar a ti o teu amor!
Certo dia eu te encontrei não em um caminho
Quando tu tinhas cinco anos, em mata fechada,
Estavas perdida, descalça, e o corpo em desalinho,
Choravas em prantos, mas por mim foste achada!
Segurei-te em meus braços e, às pressas, te levei,
Entregando-te aos pais livre das feras e da fome.
Hoje eu só queria saber ao menos o teu nome,
Pois, desde aquele dia só agora eu te encontrei.
Não estou a cobrar nada pelo que fiz naquele dia,
Pois não sou nenhum Deus para julgar teus atos
Nem te odeio por ter-me pré-julgado em ousadia,
Viva em paz, faça o bem, siga Cristo, mas de fato!
Quero ainda nesse instante desejar-te boa sorte:
Que nunca animal feroz te ataque! É minha prece,
E que tu jamais te percas quando o dia anoitece,
E o infortúnio possa te causar danos, e até a morte!
Agora me deixe ir, pois, já tenho muita pressa...
A mocinha emudeceu e nada mais pode falar,
E eu saí feliz por ver a menina grande, e dessa
Mesma face eu vi lágrimas de encantos a rolar!
Autor: José Rosendo
Nazarezinho, 04 de setembro de 2006
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