Ai, esses displicentes!..

Agora olho ao meu redor e não vejo nada
Além de pessoas fechadas (malucas também),
Um céu cinzento lacrado, e uma frieza tão rasgada
Que gela até a alma de quem a tem

Então por fora me aparento séria, cinzenta
Porém por dentro a alma aguenta
Um choro que não chove,
Um grito que não vem

Ah, meu Deus desse céu cinzento!
Por mais que eu grite aqui dentro
Por mais força que eu ponha na voz desses versos
Parece que os surdos morrerão surdos

Parece que eu vivo enquanto eles morrem pouco
a pouco,
E muitos [pra não dizer todos] que vejo passar
Na rua desse frio... No fio dessa rua

Se vão, no fio da meada, no fio dessa estrada
Tentando se equilibrar ao máximo [num caminho largo]
Como se não pisassem nem por onde andam
Como se nem se importassem para onde vão

Se vão_____________________________________
Só vão_____________________________________
Num vão____________________________________
Em vão_____________________________________

[Então tchau.]

Andando na rua, num dia cinzento e sem chuva...