HIGH NOON

(em 25.03.2006 - ouvindo Paula Toller Amora, Cássia Eller. Em boa companhia...)

... acabou ...
Fim de função
the end of tesão
império da recriminação
(silêncios & berros de ferro-cromo,
gordos nós górdios no pomo
-de-adão)

avacalhação
irmã minha, hey mer’mão,
fim de caso, ponta-pés, pés canalhas
confusão, imobilização, contra-mão,
ohlha o sopro do dragão
choque & porrada
& colisão,
choque & porrada
& colisão -

SOL A PINO...
entre mortos & feridos,
entre gosmas & banhos de sangue,
ela, a falecida, se ergue de debaixo dos jornais
JBs presos por paralelepípedos,
contorna com cuidado as brancas velas,
olha no olho dos circunstantes,
afaga levemente a cabeça lascada
do outro defunto,
e as moscas azuis fogem, desbandadas...

Casta, ajeita o vestidinho plissado cor-do-céu,
e deixa airosamente
a cena do atropelamento.

(bis: entre mortos & feridos, entre gosmas & banhos de sangue, ela, a falecida, se ergue de debaixo dos jornais JBs presos por paralelepípedos, contorna com cuidado as brancas velas, olha no olho dos circunstantes, afaga levemente a cabeça lascada do outro defunto, e as moscas azuis fogem, desbandadas...
Casta, ajeita o vestidinho plissado cor-do-céu, e deixa airosamente a cena do atropelamento. Do a-tro-pe-la-men-to...)

Na mão esquerda,
um ramalhete de flores-do-campo -
margaridinhas viçosas, sempre-vivas,
miguês e cedrinhos-de-cheiro, alecrim...
(e ela deixa a cena, assim,
sem mais olhar pra trás,
sem culpa, sem indícios, sem pressa.)