Você me teve por completo em suas mãos. Tenha certeza de que foi raro e sincero. Posso afirmar, por todos os céus e estrelas, que nunca alguém me teve assim. Caso sirva de alguma forma pra você sempre lembrar de mim, ao menos faça isso e se lembre da minha entrega. Porque não sei se deixei algo de bom pra você além disso...

Quero me despedir com o carinho, a ternura e a gentileza que você merece e eu tenho. Mas talvez melhor sem despedidas viscerais, faço assim, à distância e do coração com essa minha crônica da despedida. Já que a sua foi através do silêncio, ao seu modo particular, como tudo o que é seu acontece.

E facilitou me deixando neste inverno. Claro, categórico e gélido, mas foi eu que fingi não entender, era mais fácil mentir para mim mesma pelo menos por um tempo. 

Fiz vários desabafos como esse, especialmente nos últimos dias, na ausência do diálogo eu precisava colocar pra fora e não me sentir sufocar. Sinto fisicamente doer. Então escrevi, escrevi, escrevi... 

Coloquei minhas emoções em cada palavra, em cada vírgula... Elas viraram poesias e crônicas profundas, bonitas, com muito sentimento, viraram memórias da nossa viagem pra eu guardar. Fazem parte da minha cura e da minha saudade, logo são também tristes.

É importante sentir tudo e intenso, eu sou consciente nessa parte. E talvez passe mais rápido se a dor for mais forte desse jeito. Eu prefiro sentir tudo assim. Se, pelo menos for para passar mais rápido, tá valendo. O duro é se não for essa lógica rs

Inclusive eu vi você ao meu lado essa sexta-feira, por alguns momentos no lugar que eu conheci hoje. Eu te queria muito ali comigo. Isso ainda vai acontecer muitas vezes, dizem que é normal o vazio. Imaginei um abraço, uma risada, uma conversa sobre a banda que tocou, aquela arquitetura do centro que você adoraria fotografar e admirar. Nem tivemos a chance de viver todas essas coisas legais...

Tô virando essa chave, dando esse restart geral e descobrindo quem me tornei afinal.. Farei a minha própria sorte, devo ser mesmo o que minhas amigas dizem: uma mulher foda e forte.

Tô ressignificando tudo, aliás essa palavra está saturada e você a odiaria. Consigo pensar com frequência nessas coisas, aquelas que você acharia graça ou diria palavras de repúdio com convicção e bastante inteligência...

Tô recolhendo os cacos, faço deles essa versão machucada e melhorada de mim que está nascendo. Pego a minha autoestima, meus novos planos recalculados, novos passos rumo a novos lugares. Buscarei novas respostas sobre onde quero estar daqui a 5 anos, como chegar lá, mas ainda sem entender completamente os porquês e pisando em alguns espinhos. Só vou aproveitar o processo, o caminho novo e seguir rumo a algum lugar. Lá eu irei me reconfortar e me acolher com toda paciência. 

É difícil encontrar palavras para terminar esse texto de um jeito bonito; despedidas de qualquer tipo nunca são fáceis, sejam unilaterais ou à distância. Será que foi por isso que você escolheu o silêncio? Muitas vezes, é nele que as respostas se revelam... 

É justamente por causa desse silêncio que tomo a iniciativa (dentro de mim) de encerrar este capítulo, pois ainda não tinha conseguido fazer isso.

Só não posso ser sua amiga, vou recusar essa proposta. Eu simplesmente não consigo, e acho que você também não. Também já ficou claro que nem isso você quer ou talvez não agora. Mas nós teriamos adorado nos conhecer assim, melhor e mais leve.

Que as lembranças boas nos acompanhem e que os novos caminhos nos levem a encontros inesperados e momentos de alegria. Que a vida siga seu curso, nos reservando sempre o melhor.

A minha parte daqui em diante é página virada. Estou partindo e deixando partir, encerrando esse ciclo de vez, me despeço.Às vezes, o que resta é apenas aceitar que certos capítulos precisam ser encerrados para que novas histórias possam começar.

L.Lucatto
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