“TREM MARIA FUMAÇA”

Piuiii... Lá vem o trem
Bem lotadinho de gente,
Seguindo os trilhos que estão
Sentados sobre os dormentes,
Não respeitando ninguém
Que esteja na sua frente!

O trem se compõe de máquina,
Fornalha e vagão de lenha
Que pega nas estações
E depois na mata embrenha
Com seu eterno “cutruco”
Que no juízo emprenha!

Tem o vagão de primeira
Com poltrona acolchoada;
Tem o vagão de segunda
Com tábua pura, serrada
E o vagão restaurante
Com refeições variadas.

No seu comando está
O sisudo maquinista,
E no seu interior,
O condutor que é artista
Para ticar os bilhetes
Dos passageiros à vista.

À vista eu falo porque
É que existe os espertos
Que se escondem no banheiro
Na hora que está por perto
O homem do vazador
Que fura o bilhete certo.

Se o bilhete for falso
O condutor diz, então,
Pro passageiro ficar
Bem na ponta do vagão
E descer sem dar um “piu”
Logo na próxima estação!

Mas, o trem segue viagem
Passando em cortes de serra,
Varando pontes de rios
E os túneis, nunca erra
Com diz o bom matuto
Que viaja pr’outras terras.

O bom viajante leva
Dentro da sua bagagem
Bolo e galinha torrada
Com farofa pra viagem,
Pra não gastar no caminho
E assim levar vantagem!

Também leva na sacola
Queijo, bolacha e sequilho;
Carne seca e farinha;
Rapadura e pão de milho;
Batata-doce e laranja;
Quartinha co’água e rodilho.

Se não levar nada disso,
Vai comprar nas estações,
Tudo que desejar tem
Algo barato ou não,
Termina levando tromba
E volta sem um tostão!

Esse trem que eu conheci
Cheio de beleza e graça,
Com sua história bonita,
Passou como o tempo passa:
Chamava-se com carinho
De “trem Maria Fumaça”.

Hoje nada mais existe
Da nossa locomotiva,
De aspecto um tanto rústico,
Mas era boa e ativa!
E agora existe somente
Em museu de coisas antigas.

Autor: José Rosendo