Embora o tempo tenha roubado minha mocidade, aqui dentro moram ainda jovens sonhos.
Muitos deles que nem a mim conto.
Desejos secretos, proibidos.
Desejos antigos e novos...
Menina moça, quase mulher, escrevia todos eles.
E eram repletos de versos meus cadernos.
Feito estrelas, salpicadas em noites enegrecidas, rodopiavam em meus olhos, brincavam dentro dos meus pensamentos.
E vinham desejos novos todos os momentos.
Cada um deles vestidos com as cores do arco-íris.
Valsavam, rodopiavam num salão luzente onde todos se tornavam possíveis.
E eu queria cada vez mais e mais.
Traçava todos os caminhos que com eles iria percorrer.
Deixaria para trás minhas dores, levaria somente meus amores, imaginava.
Não me escapará  nenhum.
Não permitiria que se afastassem os que amo.
Bailava e sorria  nos braços do futuro. Gargalhava.
Haviam rimas e exclamações criadas debaixo daquelas trancinhas enloirecidas pelo sol.
Até as sardas contadas frente ao espelho gostavam de ler o que eu escrevia.
Sonhavam elas, meus sonhos.
Diziam umas às outras que também não me deixariam só.
As sardas, as tranças, os sonhos, os versos, as rimas todas em ão o tempo apagou do meu coração.
Em vão busco meus quinze anos e deles nem mesmo um borrão.
E foram tantos...
Foram muitos os sonhos, que realizados fariam do meu céu, hoje, já um tanto nublado, um verdadeiro tapete de estrelas.
Agora, em noites frias do inverno, nos sonhos sonhados acordada, alguns deles, desfilam coloridos nos meus pensamentos, e os escrevo, os rabisco nos meus cadernos.
Menos os secretos que vou tatuando nos meus pensamentos.

Maria Isabel Sartorio Santos
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